sábado, 4 de fevereiro de 2012

Capítulo 25 - Tritões e o livro mágico Parte 01

      Nesse final de semana, minha mãe resolveu ir pra casa de praia. O novo namorado dela, o Carlos, tem uma perto da Prainha, e nos convidou. Ele até que é legal, não tive muito tempo de conversar com ele. Minha vida de tritão me impede de ficar muito tempo com minha familia... O que é um saco.
      Ela, sendo a melhor mãe do mundo como sempre foi, perguntou se eu queria levar acompanhante.
     -Pode ser... Tipo... Quatro ? - Perguntei. Ela começou a rir.
     -Claro que sim. Seus amigos podem vir. - Ela disse. Depois, quando ficamos sozinhos na cozinha, ela me perguntou. - Vocês são mesmo muito unidos, né?
     -É, sim...Eles são como meus irmãos. - Eu disse, sinceramente.
     -Eu vejo. Nossa, é muito, mas MUITO raro achar amizade como a de vocês cinco. Vocês parecem que fazem parte de um clube secreto, sei lá! - Ela disse. Eu ri em resposta, mas se bem que...De certa forma faziamos. Né?
     
       Depois de termos buscado todo mundo, fomos na caminhonete (ZERADA!) do Carlos. Na frente ele dirigia com a mãe com o Ricardinho, meu irmão mais novo, no colo, e eu e a galera esprimida atrás. O Guto tava com o Norato no colo, eu e Raíque espremidos e Samuel imprensado na outra porta.
       -Pedro, dá pra não empurrar? - Raíque reclamou.
       -Ora mais! Não tenho culpa se o Guto fica abrindo as pernas. - Eu falei.
       -Não tenho culpa se o galo é grande demais pra granja. - Ele respondeu.
       -Iiiihhhh... Até parece. - Nós quatro falamos juntos.
        Depois de um minuto de silêncio, Norato arregalou os olhos e olhou para Guto lentamente.
        -Me diz que isso que tá vibrando debaixo de mim é o teu celular... - Ele pediu, com os olhos quase saindo das órbitas.
        -É sim, pô. Deixa eu pegar. - Guto disse, e enfiou a mão dentro do bolso do short, me empurrando, e no fim empurrando todo mundo. Ele ficou falando com a Teresa, namorada dele, e tivemos que aguentar os dois pombinhos se lambusando todinhos pelo telefone. Eu fiquei pensando... Claro que eu fico feliz pelo Guto, não tenho um pingo de inveja dele mas... Bem que eu queria que eu e a Lucia tivessemos sido que nem ele e a Teresa. Conversas no telefone, abraços, beijos, papos intimos, e tudo mais que torna alguém especial na vida de alguém.

         Chegamos à casa de praia. O Carlos tinha trazido uns filmes e o Norato também. Assistimos uns dois filmes. Depois, fizemos guerra de comida no jantar, imagina a putaria. Ficamos com vontade de ir nadar, mas como a mãe e o Ricardinho e o Carlos iriam também, pensamos que era melhor não.
         Era lá pra meia noite, e estavamos na sala, em nossos sacos de dormir, mas ninguém tinha sono. Enquanto os outros conversavam, eu fui pegar um suco na geladeira, e vi uma coisa estranha perto da estante. Peguei, e vi que era um livro bem velho, coberto de poeira e teias de aranha. Pensei até em colocar no lugar, até ver o título:
          Contos sobre Sereias.
          Levei ele até meus amigos, e nós cinco vimos juntos.
          -Ah, a maioria aqui é história pra criancinha... - Guto falou.
          -Até porque, né, não existe nenhuma tese cientifica sobre sereias. - Raíque disse.
          -Olha, eu não conheço essa história, "A Esposa Sereia"... - Norato disse, apontando pra uma figura junto de um texto numa página.
          -Eu já li. É meio besta, nada demais. - Samuel falou. Só eu permaneci calado, observando aquele livro. Até que, de uma hora pra outra, ele começou a balançar. As páginas começaram a brilhar, e jogamos o livro no chão, assustados.
            Uma coluna de luz enorme saiu de dentro dele. Era tão bonito, parecia nos convidar para ler. Fiquei na frente de meus amigos. Então, percebi que Norato se moveu, e pareceu atraído pela luz.
             -Rato! Volta aqui! - Guto sussurrou. Ele não o ouviu, e se aproximou do livro, até que...A luz o engoliu! Fomos correndo até ele, e a luz cobriu meus olhos. Não enxerguei nada, e parecia que estava sendo sugado para dentro dele.
              Quando abri os olhos, vi que estava sozinho numa praia. Era de dia, e o sol estava coberto pelas nuvens. Fui andando na praia, completamente perdido. Tinha uma floresta na costa, e o mar era bem claro, apesar das nuvens escuras. Fui procurando por algum tritão, meus amigos tinham que estar ali.
              -Pedro! Pedro!- Ouvi Raíque gritando. Virei de costas e o vi sentado numa pedra. Que clássico! Corri até ele, e debrucei-me na pedra onde ele estava.
               -Tá tudo bem contigo? Onde estão os outros? - Perguntei.
               -Sei lá, não tenho ideia! Eu só lembro daquela luz na minha cara, e quando abri os olhos tava aqui, na água! - Raíque disse. Olhei direito e percebi que ele estava diferente. A cauda estava do mesmo jeito, mas o cabelo estava arrumado num rabo de cavalo e ele tinha um colar grande, com o muiraquitã de peixe-leão dele como pingente.
                -Onde conseguiu isso? - Perguntei. Ele olhou para o peito e viu o colar.
                -Caraca! Daonde que isso saiu? - Ele perguntou. Então, ouvi vozes.
                -Tá ouvindo? Devem ser eles. Vamos lá!- Eu disse. Raíque desceu da pedra e foi se arrastando pela areia.
                -Peraê, mah! Não consigo correr, esqueceu? - Ele perguntou/exclamou. Corri de volta e vi ele tirar o colar. Colocou-operto da pedra e depois deu um assobio. Na hora, um vento mágico surgiu, circulou ao redor dele e o transformou em humano. Ele estava com uma calça laranja cheia de brilhantes, mais parecia... Sei lá, o Aladdin.
               -Velho, que coisa doida, o que é que tá acontecendo?! - Ele perguntou, já ficando histérico. Acho que eu já estava começando a entender. Deixei pra lá, e nós dois começamos a correr.Fomos ouvindo as vozes gritando. Uma era do Guto, que foi bem alta e nitida. Depois do Norato, um pouco mais baixa. Fomos até a floresta que tinha perto da praia. Ouvimos a voz de Samuel vindo da direita, mas não tinha ninguém, só árvores e mais árvores.
                -Eles não estão aqui... Que tal procurarmos pelo mar? - Perguntei. Raíque concordou e voltamos pra praia. Ele foi até a rocha onde deixara o colar e... Não estava lá!
               -Onde está?... Cadê?... Caralho, perdi meu muiraquitã! - Ele falou, desesperado. Também fiquei chocado, e ajudei a procurar.
               -Vai ver a água deve ter levado...
               -Pô, Pedro, não diz isso! Se eu perder o meu muiraquitã eu tô fu...
               -Algum problema? - Ouvi uma voz perto de nós falando. Olhamos para trás e vimos uma linda garota de pele castanha e cabelos encaracolados. Ela olhou apenas para Raíque e parecia encantada.
              -Moça, você viu algum colar com um pingente laranja caido na areia?- Eu perguntei. Ela permaneceu a olhar só pro Raíque. Ele olhava pra mim e para ela.
              -Está perdido, senhor? - Ela perguntou. Raíque ficou meio desconcertado, ela tava dando mole pra ele, tava na cara. Mas, caramba, precisava me ignorar na cara dura?
               -Você viu um colar caido por aqui? Eu realmente preciso dele! -Raíque disse. Ela sorriu, mas balançou a cabeça em negativa.
             -Ah, não... Pô, realmente precisava dele. - Ele falou. Eu ia falar algo, mas a moça me interrompeu.
            -Porque não descansa na minha casa? - Mais tarde você procura. Vem... - A garota disse, pegando na mão dele e levando-o com ela. Ok, ela tava mesmo me ignorando? Ou simplesmente não tava me vendo ali? Esqueci disso e segui os dois.
            "O que tá fazendo? A gente tem que achar os outros e dar o fora daqui!" Eu pensei.
           "Eu não sei, é como se meus pés estivessem se mexendo sozinhos! " Ele pensou, respondendo. Ele e a garota chegaram a uma cabana de tijolos, e se trancaram lá, me deixando do lado de fora.
            -Raíqueee!! Que é isso, me deixa...
            Antes que eu terminasse de espernear, percebi que a luz do sol estava sumindo. Olhei para o céu e algo incrivel aconteceu. O sol se pôs numa velocidade de...Segundos! Depois a lua apareceu, e desceu, depois o sol, depois a lua de novo, depois o sol novamente, e foi se repetindo até que parou no sol, no mesmo lugar onde estava quando chegamos ali. A porta da cabana se abriu, e várias criancinhas sairam correndo de lá de dentro. Todos eram negros, cabelinhos crespos e alguns amarrados. Eles eram... Putz!! Eram os filhos do Raique com a...
           -Não se esquece da janta, da louça, das prateleiras e de varrer a cozinha! - Ouvi a voz da moça. Ela saiu e percebi que estava com uma roupa diferente, mas do mesmo jeito que entrara. Ela foi andando junto dos filhos (Que eram MUITOS) e fugiu da minha vista. Sem perder tempo, entrei na cabana e vi Raíque lá dentro. Ele estava perto do fogão, com um cachecol, roupas velhas e os cabelos brancos.
           -O que você fez aqui nessa cabana? - Eu perguntei. Ele sacudiu a cabeça, torcindo.
           -Nem queira saber, brother... Nem queira saber... - Ele falou. Eu teria rido a beça se não percebesse que ele estava realmente muito mal. Me aproximei e vi que ele ainda não havia achado o muiraquitã.
           -Pedro, o que isso tudo quer dizer? Por que eu? E por que ela não consegue te ver? - Ele perguntou, encurvado como um velhinho. Bom, ele era um velhinho. Pensei comigo mesmo, pensei, e lembrei de uma história que ouvi falar.
           -Isso até parece... Uma historia. De um pescador que viu uma sereia perto de uma rocha e roubou uma pedra mágica dela. Ai, escondeu num lugar onde a sereia nunca acharia. Então, desesperada, a sereia aceitou se casar com ele caso ele a ajudasse a achar a pedra. Depois, eles tiveram um monte de filhos, e um deles encontrou a pedra e deu para a mãe. Muito feliz, a sereia pegou sua pedra e foi embora para o mar.
          -Então... Eu tô dentro de uma historia? E eu sou o pescador do mal lá? - Ele perguntou.
          -Não, cabeça, você é a sereia. Aquela guria que te trouxe aqui escondeu o teu muiraquitã, e só um filho teu pode achar. - Eu disse. Raique arregalou os olhos e se indireitou.
          -Aquela vagabunda... Ah, mas ela vai... Cof!Cof!Cof! -Ele tossiu, com catarro e tudo. Eca! Olhei para o lado, e vi um berço, bem no meio da sala. Fui até ele e vi que tinha um bebê, de cabelos cor de vinho que nem o Raique.
         -Ei, olha, tem um filho teu aqui. - Eu disse. Ele se aproximou.
         -É, esse é o Raíque Junior Junior. - Ele pegou o bebê, e começou a fazer voz de mongol - Quem é o garotão de papai? Quem é o garotão de papaai?!
          Deixei o lado pai e filho de lado e procurei algo no berço. Então, o vi! Dentro do berço, ao lado do bichinho de pelucia.
          -Achei, Raí! - Eu exclamei. Ele olhou para mim e quase que joga o bebê pelos ares quando viu seu muiraquitã na minha mão. Ele pôs o bebê com cuidado no chão e pegou sua pedra laranja.
          -Finalmente! Agora a gente pode sair daqui. Vambora! - Ele disse, tirando a camisa e tentando correr, apesar de continuar um velhinho. Nós saimos da cabana, e estavamos indo o mais rapido que podiamos até o mar, mas...
           -Ei! Aonde pensa que vai?! - Ouvi a mulher dizer. Ela apareceu do outro lado, e vinha correndo até nós.
           -Corre! VAMO!! - Raíque gritou, e ele soltou a bengala que usava e começou a correr pela areia. Eu o acompanhei, e a mulher também. A água estava longe, e a mulher enfurecida se aproximava. Por fim, a água cobriu nossos pés, e nós tocamos nossos muiraquitãs, nos transformando em tritões. Subimos até a superficie e vimos a moça parada na praia, olhando pra gente de longe.
             Antes que o Raíque pudesse dizer algo do tipo "Ih, se deu maaaall!! " Eu e ele fomos sugados por um turbilhão de luz.
     

      

2 comentários:

  1. Ficou muito maneiro!!!!!!! Adorei!!!! Foi um dos posts mais engraçados do blog!!!! Eu ri muito!KKKKKKKKKKKKKKKKKKK =D

    ResponderExcluir
  2. suashuahsuahsu agora ele pode dizer q experiente viveu uma vida inteira em poucos minutos hushaushahs

    ResponderExcluir