Hoje, minha expectativa era de seguir o dia normalmente, como sempre faço. Porém, como sou um tritão com amigos tritões super-poderosos, acho que ter um dia normal está meio fora de cogitação. Na primeira aula, de biologia, o professor explicava normalmente, uma matéria super interessante sobre vulcões. No Brasil, na era Mesozoica, os vulcões que aqui existem como o de Fernando de Noronha, eram muito ativos, espalhavam larva pra todo lado, mas acabaram se acalmando com o tempo. Quando o assunto foi ficando mais interessante, ouvi Raíque pensando:
"Ah, merda..."
Olhei pra trás e vi que ele estava olhando para o seu celular. Ele lia uma mensagem de texto, que não consegui ver o que era, e ele preferiu não pensar nela pra que nenhum de nós descobrisse. Ele foi até o professor e pediu para ir ao banheiro. O professor deixou, e ele discou um numero do lado de fora da sala. Hmmm... O que será que estava havendo?
No recreio, eu e meus amigos nos reunimos no nosso local de sempre, atrás da quadras, mas Raíque não estava lá.
-Ele tava meio estranho hoje, né? - Norato perguntou.
-É, também achei. - Eu disse. Ele nunca fora assim.
-Ó, lá vem ele! - Guto falou. Olhamos na direção onde ele apontou, e vimos o rosto cor chocolate do Raíque. Ele chegou sorrindo, mas pudemos que perceber alguma coisa estava incomodando ele. Ele sentou ao lado de Guto e Norato, mas todos nós olhavamos pra ele com desconfiança.
-Que é que foi? Eu esqueci de fazer minha trancinha de novo? - Ele perguntou, passando a mão no cabelo para conferir. Ele gostava de estar sempre com trancinhas ou com uns dreads de tranças, senão o cabelo dele se solta e fica parecendo um algodão doce de chocolate. Mas eu até que acho legal.
-Cê saiu hoje correndo da sala de aula. Aconteceu alguma coisa? - Eu perguntei. Ele olhou pra mim, e depois olhou pra baixo, como se não tivesse certeza se deveria contar.
-Vai lá, a gente é brother, pode confiar. - Guto falou. Raíque olhou pra ele do mesmo jeito que olhou pra mim, mas quase ia falando algo e desistiu. Samuel suspirou.
-Tá bom. Vem cá. - Ele disse, e fez um gesto com a mão. Assim que fez isso, Raíque deslizou no chão até ele.
-Ei, ei! Magia não vale! - Raíque exclamou, tentando voltar ao seu lugar, mas a telecinésia de Samu era bem forte. Ele trombou de costas contra Samuel e depois se endireitou. Meu amigo loiro pôs a mão em sua testa e...
-Caralho!! - Ele exclamou, tão alto que quase fomos ouvidos. - Poxa, eu sinto muito!
Raíque abaixou os olhos e sacudiu a cabeça.
-Ei, gente, o que foi que houve? - Perguntei. Raíque virou lentamente para mim e me olhou com tristeza.
-É meu pai. Ele... Tá preso. - Ele falou.
-Como assim preso? - Norato perguntou.
-Ele mora na Amazônia, como quase todo mundo.
-É, a Amazônia tá virando um verdadeiro hotel cinco estrelas pra sereias. - Guto resmungou. Raíque riu, mas depois continuou a falar sério.
-E nesses ultimos dias, na parte do rio onde meu pai estava , houve uma grande liberação de larva.
-Larva? No rio amazonas? - Norato perguntou sem acreditar.
-Ai é que tá! Não é no rio amazonas. - Raíque falou.
-Então é no rio Negro? - Perguntei.
-Também não. - Ele disse. Nós três, eu, Guto e Norato nos entreolhamos sem entender.
-O pai dele mora num tipo de... Rio paralelo aos outros, entende? - Samuel falou.
-Ah, igual às Amazonas? - Norato perguntou.
-É, exatamente. Só que fica atrás de uma cachoeira. - Raíque disse.
-Ok, então... O que tá esperando? A gente vai contigo. - Guto falou. Raíque abaixou a cabeça, meio encabulado.
-É que... Eu não quero arriscar vocês, sabe. E aliás, é o meu pai... - Ele começou.
-Que é isso, veio! Nós somos teus amigos, a gente tá aqui pra isso. Você também estava lá quando meu pai precisou de mim. Você estava lá quando o Norato foi sequestrado, você é um de nós. - Guto disse, pondo a mão em seu ombro. Ele olhou em volta e encontrou um sorriso nos rostos de cada um de nós.
-Ok, vamo acabar com esse momento meloso e aviadado que a aula vai começar e eu tô doido pra vazar daqui! - Guto resmungou, e voltamos pra sala de aula.
O Raíque foi lá em casa e perguntou pra minha mãe se nós podiamos sair. Depois de um questinário enorme e vários suspiros, minha mãe aceitou. Eu e ele nos reunimos aos outros e fomos pra casa dele.
-Nossa, é tão luxuoso! - Norato falou. - Ei, olha lá! Ele tem um home-theater galera!! - Ele disse e foi entrando na sala e se jogando no sofá.
-Garoto de sorte você, hein? - Samuel perguntou.
-Que nada. Minha mãe acabou de contratar uma designer, ainda tá arrumando o quarto dela. Vamos pro meu quarto. - Ele disse, nos convidando.
O quarto dele era incrivel! Tinham milhares de pôsteres do Ronaldinho Gaucho, um pôster do Neymar e mais uns três do Pato, Romário, Júlio César... E mais um monte! Também tinha uma cesta de basquete de brinquedo e uma bola profissional perto da cama dele.
-Caaaaaraaaacaaa!! - Eu e os outros exclamamos.
-Eu sei, eu sei. Eu tenho bom gosto. - Raíque falou.
Depois de contemplarmos loucamente o quarto dele, ficamos sérios e procuramos criar um plano pra ajudar o pai do Raíque.
O único problema é que não tinhamos ideia de como chegar à cachoeira. Nem o próprio Raíque tinha, ele disse que seu pai havia lhe levado lá através do Acquatransporte, e foi lá que ele descobrira que era um tritão.
-Lembro até hoje... Eu vivia indo pra lá, mas sempre usava o Acquatransporte. Vivia brincando com os ipupiaras que tinham lá.
-Ipupara? O que é isso? - Guto perguntou.
-Ipupiara, Guto, são primos distantes das sereias, mas só existem machos. Eles também são metade peixe, mas têm duas caudas, como pernas cheias de escamas. Eles também seduzem mulheres e afogam pescadores e quando ficam com raiva assumem uma forma monstruosa! - Samuel disse
-Espera, eu acho que já vi um. Era uma estátua no interior de São Paulo, eu acho. -Norato falou.
-É, mas aquela estatua foi esculpida por alguem que viu a face monstruosa do ipupiara, eles são muito gente boa. - Raíque falou. - Só são um pouco safados.
-Hmm... Safados quanto? - Norato perguntou.
-Piores que o Guto. - Raíque disse.
-Eita! Então são praticamente atores pornô!- Samuel falou.
-Ei!! - Guto reclamou.
-Silencio, gente. Eu ouvi uma coisa. - Eu disse. Fui até o banheiro do Raíque, e não vi nada. Isso até que o chuveiro dele ligou sozinho. Dei um pulo pra trás e bati no peito de Norato, que estava atrás de mim, junto dos outros. Estavamos prontos pra dar uma surra em quem quer que fosse, até que vimos a luz do Acquatransporte. Um garoto, acho que de uns vinte e poucos anos, apareceu ali, embaixo do chuveiro. Quando Samuel acendeu a luz, pudemos ver com clareza: Ele tinha como se fossem... Pernas, mas elas eram todas cobertas por escamas prateadas, e em vez de pés haviam nadadeiras grandes e quase transparentes. Vi também que o cabelo dele era verde-selva, e a pele tinha um tom meio prateado, parecendo uma pérola.
-Raíque? É você?- O garoto perguntou.
-Caraca, Glauco! O que houve?- Raíque perguntou, abrindo a porta do box e se aproximando dele. Glauco sussurrou algumas palavras que não consegui entender e...
-...Ela disse que vai destruir o portal, ai nunca mais poderemos sair. - Ele disse.
-O que é? Que tá acontecendo? - Perguntei.
-Ela prendeu meu pai, meus irmãos, meus amigos... - Glauco falou, parecendo apavorado.
-Quem fez isso? Quem prendeu o tio Océlio? - Raíque perguntou.
-Eu não sei... Ela simplesmente chegou lá, e disse que ia dar um presente pra todo mundo. No começo achei que ela queria namorar alguém, mas ela começou a criar... Trombas d'água! E a prender todos! - Glauco falou.
-É uma mulher? Um bicho? -Perguntei.
-Uma sereia? - Norato perguntou.
-Sim! Sim! É uma sereia! - Glauco falou, agitado.
-É a Maria. - Norato falou com tristeza. Olhei pra ele.
-Como tem certeza de que é ela? - Perguntei.
-Maria consegue controlar a água. Ela faz coisas terriveis. - Norato falou.
-É, eu lembro. - Guto falou. Eu e ele fomos vitimas da Maria há alguns meses atrás, quando tentamos trazer o Norato pra nossa turma.
-Então, se for mesmo ela, vamos com você. Já vencemos ela uma vez, podemos fazer isso de novo. - Eu disse. - Vamos?
Olhei para os meus amigos. Norato hesitou, mas concordou. Guto revirou os olhos e resmungou um "tá, tá" e Samuel falou prontamente que sim. Raíque pegou no braço de seu amigo e juntos, nos transportamos até o mundo dos ipupiaras.
Show!!! UHUUUUUUUUUUUUUU! Amei. To doido pra ver a revanche de Maria. Agora sim eu sei o nome dos bichinhos que desenhava quando eu era criança. Eu desenhava sem parar Ipupiaras! =D
ResponderExcluirDeu vontade de desenhar mais.... *-------*
ResponderExcluirmaria e ja uma das arqui inimiga deles
ResponderExcluirMuito legal, gostei muito
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