domingo, 20 de junho de 2010

Capítulo 6: Tritões tem Companhia Parte 2


Puxa, hoje teve muitas surpresas.
Na hora da aula, o professor de Biologia olhou para a porta e fez um sinal mandando alguém entrar. Quase vomitei meu estômago. Era o tritão que eu e o Guto vimos na praia um dia desses!Só que com pernas. Ele era baixo, 1,69 m por ai, os cabelos negros e longos sem mechas azuis e olhos grandes e expressivos.
"Jesus apaga a luz!"
"Que lindo!*--*"
"Choquei!"
"A Louca, Lady Gagaa!"
As meninas espalharam pensamentos estranhos pela sala, todas bastante interessadas no novato.
"Pessoal, esse é o Norato. Ele vai ser o seu companheiro de agora em diante. Sejam legais com ele, e bláblá" O professor disse, fazendo graça. Norato moveu-se para a cadeira em frente a minha. Ele me olhou e arregalou os olhos de susto. Se recuperou e sentou com cuidado na cadeira.
"É ele mesmo? " Guto perguntou mentalmente.
"Se não for ele é um sósia muito parecido!" Eu respondi movendo a cabeça ao pensar.
"Será que a irmã dele tá por aqui também? Ela é mó gostosa, véi!" Guto pensou, sorrindo. Eu e Norato olhamos pra trás, franzindo a testa pra ele.
"Opa! malz aê!" Ele se desculpou. Olhei pra frente e encarei Norato. Ele desviou o olhar para a lousa rapidamente e prestou atenção na aula.
No recreio, eu e Guto fomos atrás dele. Norato se enfiou num lugar bem afastado do colégio, um tipo de Escondidinho. Ele estava sentado num daqueles bancos de ferro super pesados, tomando um Ades de canudinho. Nós nos aproximamos e puxamos conversa.
-Oi. Você é o Norato né? Eu sou o Pedro e esse é o Gustavo. Ou Guto, como preferir. -
Ele balançou a cabeça e voltou a tomar seu suco. Nos sentamos no banco junto dele, tentando puxar assunto. Guto foi conversando sobre um monte de coisas, eu ria do que ele falava e Norato ouvia com atenção. Até que ficamos sem assunto.
-Norato... Podemos te perguntar uma coisa?" Perguntei, olhando pra Guto. Norato demorou pra responder, secando o pacote de suco Ades.
-Pode... Podem, sei lá."
-Você acredita em sereias?- Guto perguntou. Eu o olhei com um olhar de 'tinha pergunta melhor não?' e ele deu de ombros.
-Olha... A gente sabe quem você é.- Eu disse na cara dura. Ele se esquivou um pouco.
-Não sei do que estão falando...
-Sim, você sabe. - Eu respondi. -Você é um tritão, com cauda de peixe, voz encantadora e poderes alucinantes como nós!
Norato ficou meio confuso e ia contando uma mentira, mas desistiu. Ele se levantou do banco e nos encarou.
-Ok, eu sei quem são vocês também. Mas... Não vai dar pra nós sermos amigos.- Ele disse, gesticulando com as mãos como um rapper. Ele devia gostar de hip-hop.
-Por que? A gente pode te ajudar a se cuidar aqui! Se você... Se molhar ou algo do tipo, pode pedir nossa ajuda. - Eu disse.
-Valeu, mas não dá. Eu não... Tenho permissão. - Ele disse. Não entendi.
-Como assim? Seus pais não deixam você ter amigos?
-Não, meu pai deixa de boa mas... Minha irmã quer que eu fique longe de humanos e outros da nossa espécie. - Ele disse, revirando os olhos e afastando o cabelo do rosto com uma chacoalhada.
-Então você não faz amigos por que a sua irmã não deixa? - Guto perguntou, erguendo as sobrancelhas.
-Er... É.- Norato respondeu.
-Que merda, mermão!- Guto disse, me assustando.- Fala pra tua irmã que a vida é tua e que você faz com ela o que você quiser!
Norato suspirou e sorriu triste.
-Eu já fiz isso. Mas vocês não conhecem a Maria, ela é muito poderosa. Todos os amigos que eu tenho ela afasta! - Norato disse. -Desculpa gente, cês são muito gente boa, mas não dá. Tchau.
Observamos Norato se afastar.

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