sábado, 10 de dezembro de 2011

Capítulo 15- Tritões saem dos Eixos Parte 3

            Eram umas seis horas da noite, estavamos reunidos na casa do Samuel, que ficava só algumas quadras da Beira Mar. Eu avisara que iria dormir na casa dele, assim como Guto e Norato. Nem assistimos filmes, rimos do blog "8 balls" como sempre faziamos juntos. Dessa vez, nos juntamos no chão do quarto do Samu (que era bem grande por sinal) e tentamos imaginar o que aquilo que tinhamos visto havia significado.
            -Será que é o que vai acontecer futuramente, tipo... Vamos matar as meninas que gostamos? - Norato falou, fazendo um silêncio macabro rolar depois de tê-lo dito.
            -Que é isso, não fala besteira, pô! - Guto resmungou, fechando a cara. Ele não suportaria fazer algo de ruim com a Teresa.
            -O que o Rato disse tem sentido. Afinal, tritões enfeitiçam e afogam garotas inocentes há séculos... - Samu falou.
            -Mas eu não vou fazer nada disso com nenhuma garota. Muito menos com a Teresa! - Guto falou, aumentando um pouco o tom de voz. Ele tava com muito medo, por não estar entendendo o que estava acontecendo.
            -Guto, calma, eu sei disso. Nós nunca fariamos algo assim, mas algo muito estranho tá acontecendo e não sabemos..... Ah, merda...
             Samuel começou a cair pra trás, e eu o segurei. O olhar dele estava longe, e uma sombra avermelhada voava sobre a cabeça dele.
            -O que tá vendo? - Perguntei. Samuel não respondeu, apenas ergueu a mão trêmula para nós. -Toquem nele. - Eu mandei, e Guto e Norato tocaram na mão dele, assim como eu.
          
             Era na beira mar, numa parte afastada da praia, bem na beira do mar. Uma garota, não consegui identificar muito bem quem, olhava para o mar sonhadoramente. E, então, mais outra garota,  gordinha e baixinha se aproximou e se pôs ao lado dela e também olhou de modo estranho para o mar. Foi ai, que eles chegaram.  Quer dizer, nós chegamos.
            Nós quatro estavamos bem ali, na água, olhando sedutoramente para as meninas. Mas, assim como na visão anterior, era como se fossemos meros espectadores, como se... Aqueles não fossemos nós!
          Ao dar conta disso, soltei a mão de Samu e me levantei. Os outros também fizeram isso e me olharam sem entender.
          -Norato, pega um pouco de água. - Eu pedi,e ele foi à cozinha. - Guto, ajuda o Samuel a se levantar. Precisamos sair.
          -Aonde vamos? - Guto perguntou, pondo as mãos nas costas de Samu e o ajudando a se levantar.
          -Vamos dar uma volta na beira mar.- Eu disse, e Norato chegou com um copo d'água. Colocamos ele no chão e fizemos um circulo ao seu redor. Olhamos para a água, pedindo mentalmente que o Acquatransporte aparecesse. Magicamente, um feixe de luz azul apareceu na água. Colocamos as mãos nas bordas do copo, e pensamos na beira mar. Em seguida, um turbilhão de luz e água nos envolveu, e fomos parar no mar escuro e morno da praia mais famosa de nossa cidade.
       
           -Lá estão eles! - Norato apontou. Na beira do mar, estavam quatro tritões enfeitiçando duas meninas.  Guto começou a rosnar.
           -É a Teresa! O filho da puta vai pegar a minha gata! - No mesmo segundo, ele mergulhou e nadou como um torpedo debaixo d'água em direção à praia. Fomos atrás dele.
           Lá chegando, vimos mesmo que era a Teresa, e a Camila, a menina nerd que o Norato gostava. Elas estavam com cara de bobas, olhando pros quatro tritões na água, que iam se aproximando mais e mais, falando algo bem baixinho e lhes enfeitiçando.
            Para a surpresa de todos, Guto saiu da água com um salto e deu um grito super sônico, fazendo os tritões tamparem os ouvidos e se virarem. Fiquei espantado: Eramos nós! Os tritões eram iguaisiznhos a cada um de nós. Percebi um movimento estranho na calçada da praia, o Guto tinha chamado muita atenção. Precisavamos sair dali.
            -Samu, arrasta eles pra cá.  - Pedi. Samuel assentiu com a cabeça, estreitou os olhos e fez um gesto com a mão. Na mesma hora, os quatro tritões voaram para trás, como se alguem os estivessem puxando para o nosso encontro. Norato deu um giro na água, e bateu com a cauda nas cabeças deles.
Guto nadou para perto de nós, e observamos os que tomaram nossas identidades.
             -Ok, quem vocês pensam que são? - Perguntei. Me surpreendi com a autoridade em minha voz, mas me conti. O tritão que tinha a minha aparência falou por todos eles.
             -Ora... Somos vocês.
             Ficamos em silêncio por um momento. Quando um deles tentou fugir, Samuel fez um gesto com a mão, e os quatro ficaram presos nas costas uns dos outros, segurados pelo poder telecinético do meu amigo.
            -O que vocês pretendem se fazendo se passar por nós? - Norato perguntou. Os quatro riram, mas não responderam. Samuel estreitou os olhos e um deles começou a sufocar.
            -Respondam! - Ele ordenou.
            Apesar de hesitarem, o que fazia uma copia do Guto respondeu:
            -Cansamos da vida mediocre de se esconder no fundo do mar... Queremos um pouco de diversão!
            -É... - Os outros três concordaram.
            -Por isso - O falso Guto respondeu- Fizemos um trato para parecermos com tritões famosos e poderosos, aqueles que conseguiram derrotar o Kraken! Os que conseguiram conquistar o poder dos Muiraquitãs!
            Nossa... Nós quatro eramos famosos? Essa eu nunca iria esperar.
            -Os Tritões... Quando mencionam esse nome, todos se interessam ou tremem. Mas confesso que achei que vocês fossem menos feios. - O falso-eu falou. Guto deu um soco na cara dele.
            -Eu sou lindo, pra sua informação. Continua! - Ele mandou.
            -Então, visitamos aquela que conhece todos vocês: Maria.
            Um silêncio sinistro se fez no ar. Maria era a irmã maligna do Norato, que uma vez tentou matar a mim e ao Guto, selando nós dois no fundo do mar para sempre. Mas, com a ajuda do Tio Borges, pai do Rato, conseguimos sair dessa e estamos bem até agora.
            Norato baixou os olhos, se entristecendo ao lembrar da irmã, e Samuel me olhou confuso. Ele não tinha ideia de quem era Maria.
            "Nem queira saber." Pensei para ele.
            -Agora que já demos satisfação... Vamos assumir suas identidades pra sempre!!
            Antes que eu pudesse reagir, o tritão que me copiava saltou para fora do circulo telecinético de Samuel e me atacou. Os outros foram atacando seus pares, e todos mergulharam na água escura.
O meu adversario voltou à sua forma original, com a cabeça careca e branca e o corpo coberto de negro.
            "É...Assumir a identidade de outro tritão consome bastante de nossa existencia!" Ele pensou, vendo minha cara de espantado. Ele ergueu a mão, e, pra minha surpresa e desespero, os MEUS raios elétricos sairam da mão dele. Até os meus poderes ele havia copiado. Usei parte da minha armadura de jade para me defender, mas ainda assim sofri um grande impacto. Soltei um raio, mas ele o fez voltar para mim. Consegui destruir o raio antes que ele me eletrocutasse. Agindo rapidamente, soltei tinta preta pela mão esquerda e nadei para baixo. O tritão ficou se debatendo no escuro, e eu fui ajudar meus amigos.
           Norato e seu adversario esmurravam um ao outro, e batiam-se com as caudas. Assim como o meu par, todos os outros pareciam consumidos, com o corpo negro e rostos pálidos. Vi que Guto não tava se saindo bem, seu comparsa gritava mais alto do que ele. Lancei um raio esverdeado até ele.
          "Cala a boca, bacalhau."
           Guto nadou apressadamente até o adversário de Norato, gritando bem no ouvido dele. Quando reparei, uma mancha de sangue saiu de seu ouvido. Norato dirigiu-se rapidamente para Samuel, que parecia já não aguentar mais lutar contra seu próprio poder, e esmurrou o seu adversário.
           Nós quatro olhamos para os três tritões, inconcientes, flutuando na água. Então, antes que eu lembrasse dele, meu adversario apareceu, e foi nadando furiosamente para o nosso encontro.
           "Nadem!!" mandei. Eu e meus amigos começamos a remar com as caudas, mas...

            O tritão soltou uma rajada pela mão, e nós quatro fomos atingidos em cheio.
            Eu não tinha ideia de que meu poder era assim tão forte. Fui perdendo meus sentidos, sem ver nada, vendo a areia do mar se aproximar da minha vista. Porém, ouvi gritos altos atrás de mim.
Com esforço, abri meus olhos e vi os quatro tritões impostores serem arrastados para fora da água por uma criatura com... Asas.

            Quando acordei, a luz do sol cintilava através da água. Tinhamos DORMIDO DEBAIXO D'ÁGUA!
             "Galera! Galera!" Eu os acordei. Aos poucos, meus amigos foram despertando e ficaram tão espantados como eu.
              "Nossa... Que poder incrivel que os muiraquitãs tem. Eu nunca havia feito isso na vida!" Guto pensou. Todos concordamos.

               Em poucos minutos, estavamos na casa do Samuel de novo, e desabamos nos colchôes improvisados. Mais um misterio resolvido. Ou não.



                O que era aquela criatura com asas? Por que ajudou a gente?

           
      

Um comentário:

  1. Adorei a historia, tem um pouco de suspense e mistério, deixou o gostinho de quero mais.

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