terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Capítulo 24 - Um Tritão é recompensado - Parte 2

  A luz que batia nos meus olhos me ofuscou. O barulho dos passarinhos cantando, o cheiro de terra molhada e o som da água caindo perto era tão relaxante...Mas nós tínhamos algo mais importante para fazer.
    -Aliás, porquê o Acquatransporte nos trouxe pra cá, pro meio da floresta amazônica?- Norato perguntou.
    -Vai ver que é porque ninguém sabe pra onde o seu George foi, só pensamos nesse monte de mato! - Raíque falou, afastando uma folha enorme que estava entrando na boca dele.
   -Peraê, alguém sabe pelo menos pra onde a gente tá indo? - Samuel perguntou. Eu estava na frente, e os outros me seguindo. -Pedro?
   -Ah, não sei. O Guto disse que é por aqui.
   -Eu não disse que essa era a direção. Eu disse que... Sentia que era.
    Olhamos sérios pra ele.
    -O quê?
    -A gente tá em outro estado, minha mãe vai me matar se eu não chegar em casa antes do jantar, e você ainda pergunta "O quê"?! - Eu exclamei. Ele revirou os olhos e viu um riacho que passava por ali.
       -A água! Talvez se mergulharmos, a gente ache possa usar o Aquatransporte. - Ele falou.
       -Mas não sabemos onde o seu pai está! - Samuel falou, impaciente.
       -Mas talvez o Aquatransporte saiba. Vamos.
       Nós cinco pomos os pés na água, e uns minutos depois, a luzinha azul do Aquatransporte apareceu. Depois de passarmos pelo enorme turbilhão de água, chegamos a um trecho de rio estranho, com uma correnteza muito forte. Estavamos transformados, e sendo levados pela corrente.
       -EI!! Aonde a gente tá, exatamente?! - Raique perguntou.
       -Eu não... - Dei pausa pra cuspir água - ...Faço ideia!!
       -Aonde tá o seu pai, GUTOO??! - Norato perguntou desesperado.
       -Gente...!- Samuel gritou.
       -Eu sei lá! Eu queria encontrar ele logo !! Mas... - Ele cuspiu água - Não to vendo ninguém !
       -GENTE!! - Samuel esperneou.
       -O QUE É?? - Nós quatro perguntamos.
       -OLHA!! - Ele gritou, desesperado.
       Olhamos para frente e vimos que a correnteza acabava num grande buraco. Ou seja...
       - A gente... - Norato.
       -...Vai...- Raíque.
       -...Se...- Guto.
       -...Las...-Samuel.
       -...CAAAAAAAARRR!! - Eu.
       Nós cinco caimos numa cachoeira imensa.
       Fomos caindo, caindo, caindo, sem nunca alcançar o fim. Até que...

       TCHIBUM!!
   
        Caímos numa água que, para nossa sorte, era bem funda.
       Nadamos juntos até a superficie e vimos, com espanto, que o lugar estava cercado de vários daqueles Mulatos D'água,e cada um deles segurava um tritão-boto ou um boto (o bicho mesmo) nos braços. Ao nos verem, eles começaram a rosnar, ou sei lá o que era aquilo.
      -É nós na fita, rapaziada! Vamo que vamo!! - Guto gritou. Nós cinco nadamos em frente, prontos pra entrar numa briga até que vimos o tanto de monstrengo que tinha ali. Cara, eram milhares! Tinham bem uns vinte, por ai. Nós não iamos dar conta. A não ser que...
      -RUBI!!
      Samuel se transformou, assustando todos os Mulatos com o brilho avermelhado na água. Ele flutuou acima da água e foi jogando pra longe cada monstro que voava em cima dele. Eu cuidei de dois. Eles chegaram por trás e pela frente. Eu ataquei o da frente, mas levei uma cotovelada nas costas. Levantei, e criei um círculo elétrico no ar, e joguei em cima deles. Os dois além de ficarem presos, levaram um choque feroz.
     Olhei ao longe e vi que Guto procurava pelo pai, enquanto os outros lutavam.
     Virei para o lado, e vi que mais uns cinco Mulatos me encaravam, mostrando os dentes podres e afiados. Soltei meus raios pelas duas mãos, atingindo apenas dois. Os outros três foram se aproximando até que... Um deles começou a gritar. O rosto dele começou a ficar vermelho, e vi que a pele começou a ficar queimada e murcha, como se ele tivesse sido banhado com algum ácido. Olhei pra trás e vi que era Raíque que estava fazendo isso, mirando a mão no Mulato e derretendo a cara dele com o poder dele. Outro foi se aproximando de mim, erguendo a mão cheia de membranas e escamas, mas Raíque apontou para o braço dele e fez um "Rá!" e no mesmo instante o braço amoleceu, literalmente, como se o osso tivesse sumido, e a carne dele tivesse virado borracha.
      -Uau! Isso foi demais! - Falei pra ele.
      -É, eu sou cheio de surpresas. - Ele disse. Então, vi que um Mulato enorme surgiu atrás dele e estava pronto para atacá-lo, até que eu soltei um raio pela mão e ele caiu desmaiado na água.
      -Valeu! - Raíque me agradeceu. - Onde tá o Guto?
      -Não sei, não vejo ele. Vamos atrás dele. - Eu e ele mergulhamos e fomos atrás de nosso amigo. Olhamos debaixo e vimos que Samuel estava jogando uns seis Mulatos contra as rochas, e Norato torcia os pescoços deles. Não tinham problemas.
      Raíque e eu finalmente encontramos Guto, que estava junto do pai, atrás de duas pedras na margem longe da luta.
      -Ei, tá tudo bem? - Perguntei. George estava deitado proximo de Guto, com um corte grande na barriga.
      -Eu vou ficar bem, se ficar aqui. - Ele falou. Guto o olhava preocupado.
      -Pai, eu... Eu nunca quis que nada disso...
      -Eu sei, campeão, eu sei... - George ergueu o braço, e Guto pegou sua mão. - Você não tem culpa.
      -Mas o que eles querem tanto? Nós somos os guardiões dos muiraquitãs! - Raíque falou.
       -É que... - George ergueu-se com esforço - Nós estamos guardando o Fluido Máximo. Ficamos confusos.
       -É o poder que permite que os guardiões dos muiraquitãs possam...
       -...Ativar o poder na água e na terra. - Eu completei.
       -É! Como vocês sabem? - George perguntou.
       -Porque o Samu tem um des... - Guto falou, mas se interrompeu. Ele olhou para mim, e entendi o recado.
       -Caramba, O Samu! - Raíque exclamou, entendendo também e nadando em disparada de volta.
       Olhamos para a direção onde ele fora, e vimos que Samu não estava dando conta sozinho. Um mulato d'água pulou em cima das costas dele, e ele teve que flutuar até o alto da cachoeira para se livrar dele.
       -Pai, onde está o Fluido, rápido! - Guto pediu.
       -Mas eu não...
      -Rápido!
       George sussurrou algo no ouvido dele, e Guto mergulhou rapidamente. Eu o segui e ele parou perto de uma rocha debaixo d'água. Tirou a rocha do lugar, enfiou a mão dentro de um buraco debaixo dela e...
      "Achei! " Ele disse. Depois, nadou até a superficie e...

      -AEEEEEEE!!!!
   
      Todos olharam para ele, sem excessão.
      -Vocês querem o fluido? - Ele perguntou. Os Mulatos se reuniram na frente dele, formando um batalhão. - Pois se deram mal, porque ele é MEU!
      Dizendo isso, ele passou o fluido gelatinoso em seu muiraquitã de golfinho rosa e tirou-o rapidamente do pescoço. Os mulatos d'água foram até eles, pronto para devorá-los, furiosos e babando de ódio. Porém, ele foi mais rápido.

     -TURMALINA!!
   

      Na mesma hora, uma luz roxa surgiu de dentro do muiraquitã, e a água ao redor de Guto ergueu-se, formando uma espécie de tromba d'água cor de rosa. A luz foi se dissipando, a água foi abaixando e... Caraca! O Guto também se transformou!
   

      A cauda dele, antes cor de rosa bem clarinha, agora estava com um roxo bem agressivo, assim como sua armadura. Seu cabelo tinha crescido,assim como as barbatanas dianteiras dele, mais parecendo um par de asas de golfinho. Ele olhou assustado para sua nova aparência.
     -Pô veio, cadê meu Tridente? - Ele perguntou. Tive vontade de rir, mas aquilo era meio inapropriado.
     -Esquece isso. Levanta! - Samuel falou. Guto ergueu-se da água, como se estivesse nadando no ar. Ele e Samuel estavam flutuando juntos no ar. Eles dois pensaram alguma coisa juntos, mas estavam muito longe para eu ouvir. Então, Samu apontou seu tridente para o monte de Mulatos D'água que ali estavam. Eles começaram a rosnar e tentaram fugir, mergulhando na água, mas Samuel fez com que todos eles levitassem no ar. Ele ergueu a mão e pegou dez deles, pondo-os no lado esquerdo.
Guto ergueu as duas mãos, e delas sairam ondas sonoras perfeitamente visiveis, e atingiram os Mulatos, que começaram a se debater loucamente, não aguentando a pressão do som. Até que explodiram. Literalmente.
    -Senão quiserem que isso aconteça com toda a raça de vocês, é melhor vazarem daqui. AGORA!! - Guto ameaçou. Os sobreviventes mergulharam e sairam pela entrada da caverna da cachoeira. Acho que eles não iriam voltar.

       Alguns minutos depois, após um boto de lá jurar que iria curar a ferida de seu George, Guto finalmente sussegou. Que bom que ele finalmente perdoara o pai. No fim, apesar de todos os erros, estar junto da familia é o que importa.
       -Sou foda! Na cama esculacho! Na sala ou no quarto... - Guto começou a cantarolar, e mesmo a voz dele sendo muito boa de ouvir, eu ODEIO essa musica.
       -Ah, peralá, né? Não vem se achando demais não, por favor! - Eu pedi, enquanto nós cinco voltávamos para nossas casas.
        -Aham, tu tá é com inveja, porque eu e o Samu aqui somos fodásticos! Uhuul!! - Guto se animou, e eles  dois bateram as mãos.
        Ok, talvez eu estava com inveja, mas só um pouquinho.
        Enfim, quando cheguei em casa, minha mãe nem tinha chegado, o Ricardinho estava sozinho com a dona Deta, babá dele. Pô! E eu achando que ia levar bronca.

        Ah, que dia! Eu realmente preciso dormir.
        E sonhar. Ou pelo menos tentar.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. vinho dionisio curtiu isso :3 mas então eu to louco para ver a transformação de pedro completa uma armadura de verde e preto e ralmente fodastica , e que bom q pai e filho se reconciliaram

    ResponderExcluir